segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Retrospectiva 2012 - Minha Vida em 1 Ano



No meu canto verde e calmo, deito quase de olhos fechados.  Desfaço das sapatilhas e apoio a cabeça em cima da bolsa. O rio corre calmo aos meus pés, as aves cantam como se o céu fosse um palco grande e azul.  O vento bate levemente no meu rosto e sinto, bem perto, Deus brincando de ciranda com uma criança.  O vestido da menininha de chiquinhas, que ele segura pela mão, voa num carrossel feito de tecido colorido. As balas e os laços estampados se chocam docemente com o ar. Ela ri alto, e Ele a gira cada vez mais rápido, fazendo com que tenha pequenos vôos.

Arrepios brincam de se esconder nas costas da pequena garotinha e ela gargalha alto. Não sabe dizer, mas gostaria de contar sobre a flor amarela, que cresce no seu coração toda vez que Ele a olha. Aliás, se pudesse, falaria das árvores de pitanga e das borboletas azuis e brancas que a vem visitar de vez em quando.  Se pudesse contaria, também, que O via toda vez que visitava a cachoeira no interior do coração da sua tia ou quando comia o bolo de fubá, que sua mãe tanto pedia para que não devorasse quente. Mas a única coisa que tentou balbuciar ficou no ar, congelada pelo tempo, que de repente fechava...

Pra onde tinha ido a ciranda?

Por alguns momentos no ano de 2012 ela foi embora. Por alguns meses, que pareceram guardar anos, fui vácuo, vazio, soluço.  Chorei a vida que escorreu para longe e segui aos trancos.  Era geada no verão, inverno na primavera. No caminho me faltou chão, mas amigos – aos quais anjos emprestaram o coração – me foram pé, passos e ponte e pude continuar acreditando. Tropecei mais algumas vezes ao longo do deserto e deixei, por várias delas, meu coração desaguar. Nesses momentos percebi um barquinho de papel navegando corajoso e solidário pelas águas turbulentas, era o dono dos olhos mais doces e castanhos trazendo calma à minha falta. Quando pensei que enfim descansaria, meu medo me impediu de encontrar Deus. E brigamos. Ou melhor, eu briguei por Ele deixar a minha pequenez interferir em nossa relação e em troca Ele me fez maior.

Era a cura do amor em todas as suas formas.

Enfim a primavera chegou e o jardim floriu de novo. Abri as janelas, convidei o sol a entrar e plantei o que consegui de bonito. Continuei, por mais um ano, homenageando minha distração ao perder livros, bilhetes de ônibus, blusas e guarda-chuvas. Desfrutei a possibilidade de mudar de ideia e logo desmontei algumas que sustentei por anos. Sem culpa. Fiz as pazes com os exercícios físicos e descobri que não eram tão chatos assim. Fui feliz. Descobri um novo jeito de amar e ser amada e fui feliz mais ainda.

E hoje, há algumas horas deste ano novo, fecho os olhos e sinto o vento bater levemente no meu rosto. Um rio corre calmo dentro de mim, enquanto as aves cantam. A camiseta de malha chacoalha com a brisa do fim de tarde e refresca as minhas costas. O sol se despede devagar. Sinto-me inteira, pronta e disposta para encarar e aproveitar a vida, mais e de novo. Sei que tudo pode mudar. A qualquer hora o tempo pode fechar, trazendo chuva e trovões ao meu castelo de areia. Tudo que construí pode desmoronar em  segundos. Eu sei. Mas ouço Deus brincar de ciranda com uma criança, bem perto. Eles riem e Ele a segura pela mão. 

Concluo minha jornada, pelo menos até aqui, tateando sem mágoa e sem medo as ruínas do que fui e dançando no espaço de onde nasceu o que sou.


Obrigada à família, aos amigos e ao amor.

Pegadas

Por Natália Oliveira

São Paulo, dezembro de 2012.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

quinta-feira, 1 de novembro de 2012